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domingo, 6 de outubro de 2019

Ciclo da violência


Não é de hoje que vivemos mergulhados em uma sociedade violenta, mas o que é violência e quais as implicações no mundo globalizado?

Primeiramente é preciso definir quem é vítima de violência? Basicamente, todos nós somos vítimas, mas alguns são muito mais afetados por todas as formas de agressão.

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O fator econômico-social e o fator cultural-ético-político age diretamente na interação do indivíduo com a violência. Em classes sociais menos favorecidas, a violência está mais presente e em maior intensidade. A violência atinge desde os mais novos até os mais idosos.

Das várias formas de violência e dos meios pelos quais ela atinge o cidadão, em que a exposição à violência pode ser direta (por exemplo, ser vítima de um ato violento) ou indireta (por exemplo, ouvir falar sobre violência ou testemunhar violência envolvendo outras pessoas); podemos citar algumas que são (quase) universais:


Começa com o Pai autoritário, com a mãe negligente, irmãos abusadores e parentes violentos. Brigas e discussões frequentes no lar desde a tenra infância têm consequências psicológicas que podem ser irreversíveis. A vítima pode não se recuperar completamente desse trauma. Pode ser a opressão de status, quando o indivíduo não tem voz e suas opiniões e anseios são descartados, ou podem ser agressões físicas e/ou sexuais.


O fator econômico, formas de acumulação e estruturação de classe, são exemplos de desigualdade social.  Na política de distribuição de renda e acesso aos direitos civis, elevação de qualidade de vida, e seus desdobramentos nas dimensões do emprego, salário, moradia, transporte, segurança, estudo, saúde; tudo que diz respeito à vida do indivíduo relacionada a esses aspectos, demonstra o intrincado sistema de relação pessoal de uma sociedade. O fator cultural-político se refere a um conjunto de ideologias, vícios e comportamentos reproduzidos socialmente e internalizados nas práticas sociais, a exemplo da impunidade e descrença com a Justiça; corrupção e crise das instituições formais de poder do Estado; desvalorização e descrença com a educação; crise da autoridade familiar; sensação de desprezo em relação aos direitos e os deveres; e sentimento de “desvinculação social”. (Construção social da violência e a negação da civilidade - Antonio Mateus de Carvalho Soares1 - Latitude, Vol. 8, nº 1, pp. 33-62, 2014)
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A colocação profissional e a forma como é reconhecido este profissional revela a opressão interiorizada ao indivíduo de “menor valor”. Ao subjugar o indivíduo e a ação coletiva, geralmente com uso de força desmedida, o homem perde sua sociabilidade. O trato social que julga os indivíduos como irresponsáveis, que não considera suas necessidades individuais, que ignora e não respeita a sua privacidade, e que agride sua integridade física e moral, é perpetuadora de comportamentos violentos. Classificam os indivíduos pelas suas opções sexuais, crenças e costumes; evidenciando um grupo mais ou menos valorizado.


violência, bullying, crime, medo, traumaEntidades que agridem a condição humana e os direitos civis e sociais, não se restringindo apenas às relações de agressividade e incivilidade entre grupos e indivíduos, mas também a conflitos nas formas de controle para manter a autoridade e a norma social. Falta de acesso a serviços básicos como: água potável, sistema de saúde, alimentação adequada, esportes, lazer e cultura; são formas de violência institucional (política). Esses recursos de suporte possibilitam diminuir o sofrimento das pessoas e, por sua vez, diminuir as probabilidades de que se cometa violência. A falta de representatividade no setor público para que suas necessidades sejam supridas deixam o cidadão à margem do desenvolvimento social. Este isolamento social é gerador de conflitos e preconceitos cada vez mais evidentes. Dentro dos meios de ensino também evidencia a divisão de classes e propiciam comportamentos de bullying e preconceitos.

- Violência Moral

Este tipo pode ser encontrado em todos os ambientes por consistir em calunia, difamação ou injuria a honra ou a reputação do indivíduo. Também pode estar nos meios de comunicação e na mídia, com propagandas enganosas e desinformação que tem o intuito de levar o cidadão ao erro de julgamento. A banalização da violência nos meios de comunicação também contribuem para o entorpecimento da empatia.

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Todas estas formas de violência em conjunto criam um universo de consequências depreciativas como a desvalorização, que levam à ideia de impotência e inutilidade. Não raras vezes, o abandono, é um fenômeno crescente nas sociedades industrializadas.
Estes indivíduos são acometidos de sentimento de culpa e baixa auto-estima, que também evoluem facilmente para depressão, perturbações do sono, dependência material e/ou psicológica. Qualquer uma destas formas pode levar a consequências negativas no desenvolvimento psicofísico, cessando, impedindo, detendo ou retardando-o.

As vitimas costumam desenvolver Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno Dissociativo, Transtorno Depressivo Maior, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtornos Alimentares (Belsky, 1993; Caminha, 2000a; Garbarino, et al., 1991);

Ou até distúrbios da personalidade, esquizofrenia, uso de drogas, comportamento auto lesivo e suicida, somatização, ansiedade e dissociação.

O homem é o único primata capaz de matar e torturar membros de sua espécie sem nenhuma razão, por puro prazer, e tal comportamento faz da violência um fenômeno intrínseco à condição humana (Erich Fromm, 1975)

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O modelo de competição, a vontade de posse, domínio e poder, recriam o ambiente em que a violência era uma ação de preservação da existência. O poder das relações sociais potencializa as diferenças que hierarquizam e discriminam os homens, fortalecem os estigmas e ampliam as desigualdades sociais. Na sociedade brasileira, as práticas agressivas e hostis, gera o sentimento de insegurança e medo; reiniciando o ciclo vicioso.

Aceitação e empatia deveriam ser padrões sociais encorajados e valorizados em um mundo que tem a pretensão de ser civilizado e evoluído. Em pleno século XXI não é possível aceitar a violência como algo cotidiano, por simples questão de justiça!


De tanta opressão a sociedade colhe a violência diária




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Fontes
agenciapatriciagalvao.org.br
cut.org.br
datasebrae.com.br
mdh.gov.br 
Neurobiología del maltrato infantil: el ‘ciclo de la violencia’ Patricia Mesa-Gresa, Luis Moya-Albiol, 2017
todamateria.com.br
tuasaude.com