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domingo, 11 de dezembro de 2011

Patativa do assaré

     
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     Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, é sem dúvida um dos personagens mais intrigantes e inspiradores da historia deste imenso Brasil. Um personagem que deveria estar em todos os livros escolares a partir do primeiro ano; mesmo porque, Patativa era analfabeto de pai, mãe e parteira...


charge, caricatura, patativa, assaré, antonio, poeta, cordel      Foi homenageado por cinco vezes Doutor Honoris Causa, e recebeu alguns outros títulos e homenagens; mas o mais importante é que não se apague a história deste homem, que este país sem memória, como ele mesmo dizia, não esqueça de sua obra.

      Quando homenageado pelo congresso nacional, seu discurso foi nada mais nada menos que o poema "O meu país"; que publico neste blog.


     Leia com atenção, reflita...


O Meu País



Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem Deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram – se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país

palhaço, brasil, bandeira, circo
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país

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Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio – x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país


Salve Patativa do Assaré...
vou indo...
assistir ao futebol...

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