Não seria meu mundo caiu? Não, meu mundo morreu mesmo!
No auge dos meus jurássicos 41 anos de vida concluí que não pertenço a este mundo, ou melhor, não estou preparado para sobreviver muitos anos neste mundo.
Fui criado em um mundo onde os adultos tinham a razão, e ela era inquestionável; os professores eram uma autoridade; as informações tinham conteúdo checado e você seria responsável por qualquer erro ou ocultação desta; respeitávamos as leis e, quando não o fazíamos, tínhamos medo da punição. Que mundo era este?
Hoje os jovens tem a razão e punem os idosos (velhos e obsoletos como eu); os professores vivem com medo ou apanham em sala de aula; todo mundo fala o que quer, de quem quiser e como quiser, não há consequências; as leis são ridicularizadas, bem como qualquer coisa que represente a autoridade (moral, espiritual, intelectual, tanto faz)
Imaginemos uma cena cotidiana em comparação nos dois mundos:
Mundo antigo - Saio de casa vou à padaria andando e observando as pessoas e fachadas das casas, compro pão e leite, procuro moedas para facilitar o troco, no caminho de volta ajudo uma senhora a carregar as sacolas, volto para casa em alguns minutos considerando a vida um tédio.
Mundo novo - Saio de casa de carro para ir à padaria que fica a dois quarteirões, olho para todos os lados antes de sair da garagem porque o transito é uma loucura, compro biscoito, bolo, jornal e pilhas, entro em uma fila para o caixa que mal humorado; pago com uma nota de R$ 20,00 porque minhas moedas estão jogadas em alguma gaveta, ouço pessoas reclamando que a senhora está demorando para passar no caixa, saio da padaria eufórico para chegar em casa, sou abordado ao entrar no carro por dois menores armados, levam meu celular, minha carteira e a chave do carro, antes que pudessem sair do estacionamento alguém grita e levo um tiro à queima-roupa, as pessoas que não correram para dentro da padaria se afastam como se não estivessem vendo nada, logo depois da fuga dos ladrões algumas pessoas se aproximam para filmar, fotografar e postar mais uma tragédia.
Não me preparei para isso, fui treinado para defender o mais fraco e ajudar quem eu puder, ser exemplo para os mais novos e respeitar os mais velhos, fazer minha parte cada vez melhor, evoluir...
Mas, meu mundo morreu e não houve velório, nem lamentações e velas, não há homenagens póstumas, tampouco saudade, porque quase ninguém percebeu!! E hoje este mundo putrefato reclama seus algozes que não obstante vangloriam-se do novo mundo que eles criaram.
Este texto também não será de grande sucesso porque este vocabulário já morreu e as mensagens atuais são sintetizadas em: vc, tbm, d+, sqn...
Leandro Karnal, historiador e professor da Unicamp, chama este novo mundo de "mundo líquido", onde as formas são mais importantes que os conteúdos e as emoções muito mais consideradas que o conhecimento.
Mundo líquido e certamente solúvel, sumirá em poucos séculos (talvez décadas) e dará lugar a outro... ou a nenhum.
Triste mundo novo que um dia morrerá sem saber o que é felicidade.
Fontes: www.google.com
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