Quando eu era criança (e a infância
era realmente como está definida no dicionário: um estado de espírito em que não há
malícia, credulidade, ingenuidade e inocência); o interior de qualquer Estado Brasileiro era um território pacato, silencioso e monótono. A grande metrópole
de São Paulo era conhecida como Terra da Garoa, lugar onde o sereno e o
chuvisco era companhia quase que constante, o rock nacional era pop e o rock
internacional era rebelde; a solenidade das igrejas e cultos religiosos era uma
tortura para qualquer alma inquieta, mas ajudava a acalmar os instintos. Anos depois a
realidade dura das letras de rap que nascia nas periferias era visto como um
grito dos excluídos e marginalizado pela sociedade que não queria ver seus
pecados serem revelados em alto e bom som para quem tivesse ouvidos.
Fato também que tudo era mais difícil.
Formação, informação e conforto passavam longe da maioria da população, não havia escola
para todos, infraestrutura só para alguns, tecnologia era TV em cores,
eletricidade ainda uma novidade em muitos lugares... mas, pensando bem, algumas
coisas não mudaram!
Em contrapartida o que mudou não
tem agradado tanto. Não digo isso pelo fato do acesso à escola ser mais fácil
(não que seja o ideal), que a tecnologia evoluiu tanto que ficamos atordoados
com tantas novidades mensais (para não dizer semanais), que hoje temos mais
conforto e acesso a informação (Viva a internet!), mas pela triste constatação
que o homem que vive neste novo mundo também mudou.
A cortesia, o respeito e a paz já
não frequentam as casas no interior, e São Paulo já não conhece mais a garoa. O
chuvisco deu lugar a tempestades furiosas e o sereno a um frio seco. O rock
perde em fúria para o transito de qualquer cidade, e a rebeldia não faz sentido
em um país que possui força policial corrupta, os cultos religiosos são mais
animados (barulhentos) que muitas festas e festivais, e o rap não consegue
concorrer com a miséria humana explorada em todos os meios de comunicação.
Se tenho saudade de alguma coisa,
com toda certeza é do sereno; e da serenidade de meu avô, que viveu quase 100
anos, mas nos deixou antes que o mundo perdesse o rumo. Ele não entenderia... afinal, nem
eu entendo!
fontes: alcoolgel.wordpress.com
educacao.uol.com.br
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