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quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sereno




antigo, rodoviaria, moji

Quando eu era criança (e a infância era realmente como está definida no dicionário: um estado de espírito em que não há malícia, credulidade, ingenuidade e inocência); o interior de qualquer Estado Brasileiro era um território pacato, silencioso e monótono. A grande metrópole de São Paulo era conhecida como Terra da Garoa, lugar onde o sereno e o chuvisco era companhia quase que constante, o rock nacional era pop e o rock internacional era rebelde; a solenidade das igrejas e cultos religiosos era uma tortura para qualquer alma inquieta, mas ajudava a acalmar os instintos. Anos depois a realidade dura das letras de rap que nascia nas periferias era visto como um grito dos excluídos e marginalizado pela sociedade que não queria ver seus pecados serem revelados em alto e bom som para quem tivesse ouvidos. 

dilma, antigo, dops, ditadura, torturaNão é saudosismo, é fato.

Fato também que tudo era mais difícil. Formação, informação e conforto passavam longe da maioria da população, não havia escola para todos, infraestrutura só para alguns, tecnologia era TV em cores, eletricidade ainda uma novidade em muitos lugares... mas, pensando bem, algumas coisas não mudaram!


smartfone, smartphone, cidade, capital, metropole, megalopoleEm contrapartida o que mudou não tem agradado tanto. Não digo isso pelo fato do acesso à escola ser mais fácil (não que seja o ideal), que a tecnologia evoluiu tanto que ficamos atordoados com tantas novidades mensais (para não dizer semanais), que hoje temos mais conforto e acesso a informação (Viva a internet!), mas pela triste constatação que o homem que vive neste novo mundo também mudou.

A cortesia, o respeito e a paz já não frequentam as casas no interior, e São Paulo já não conhece mais a garoa. O chuvisco deu lugar a tempestades furiosas e o sereno a um frio seco. O rock perde em fúria para o transito de qualquer cidade, e a rebeldia não faz sentido em um país que possui força policial corrupta, os cultos religiosos são mais animados (barulhentos) que muitas festas e festivais, e o rap não consegue concorrer com a miséria humana explorada em todos os meios de comunicação.

Se tenho saudade de alguma coisa, com toda certeza é do sereno; e da serenidade de meu avô, que viveu quase 100 anos, mas nos deixou antes que o mundo perdesse o rumo. Ele não entenderia... afinal, nem eu entendo!

gilmar, louco, hospicio



fontes: alcoolgel.wordpress.com
educacao.uol.com.br
www.google.com
www.drrobsonshimizu.blogspot.com
www.contrainfo.com

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