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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Moda de Viola

Música sertaneja ou sertanejo é um gênero musical do Brasil produzido a partir da década de 1910, outrora chamada genericamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques, cujo som da viola é predominante, fragmentos de cantos tradicionais rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e matogrossense.
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Uma nova fase na história da música sertaneja teve início após a Segunda Guerra Mundial, com a incorporação de novos estilos (de duetos com intervalos variados e o estilo mariachi), gêneros (inicialmente a guarânia e a polca paraguaia e, mais tarde, o corrido e a ranchera mexicanos) e instrumentos (como o acordeom e a harpa). A temática vai tornando-se gradualmente mais amorosa.

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A introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", pela dupla Léo Canhoto e Robertinho, no final da década de 1960, marcam o início da fase moderna da música sertaneja. Um dos integrantes do movimento musical Jovem Guarda, o cantor Sérgio Reis passou a gravar na década de 1970 repertório tradicional sertanejo. Renato Teixeira foi outro artista a se destacar. 

Naquele período, a música sertaneja era originalmente executada no circo, alguns rodeios e principalmente as rádios AM. Já a partir da década de 1980, essa penetração estendeu-se às rádios FM e também à televisão .
musica sertaneja, moda de violamusica sertaneja, moda de violaDurante os anos oitenta, houve uma exploração comercial, e a tendência romântica da música sertaneja. Surgiram inúmeros artistas, entre os quais, Trio Parada Dura, Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Chrystian & Ralf, João Paulo & Daniel, Chico Rey & Paraná, João Mineiro e Marciano, Gian e Giovani, Rick & Renner, Gilberto e Gilmar, além das cantoras Nalva Aguiar e Roberta Miranda. 
Houve uma crescente influência da música country norte-americana e da estética cowboy,  e também maior interesse pelas festas de rodeio e feiras agropecuárias, palcos para os novos cantores

 
Na década de 2000, um movimento chamado por alguns de sertanejo universitário, com nomes como Guilherme & Santiago, Marcos e Léo, João Bosco & Vinícius, César Menotti & Fabiano, Victor & Leo, Fernando & Sorocaba, Marcos & Belutti; o movimento que antes tinha como foco de surgimento de duplas e artistas sertanejos no estado de Goiás, hoje tem eleito novos ídolos como Micel teló, Paula Fernandes; e do estado de Mato Grosso do Sul como a revelação escolar Luan Santana e a dupla Maria Cecília & Rodolfo. Porém, Goiás não deixou de revelar nomes no cenário nacional, surgiram os já citados Jorge & Mateus e João Neto e Frederico, e outros. 

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História

Não se pode jamais falar sobre música sertaneja raiz sem mencionar Cornélio Pires, pois foi graças a ele que chegaram aos discos as primeiras gravações dos genuínos caipiras, a partir de 1929.
"CORNÉLIO PIRES" nasceu em 13 de julho de 1884 na chácarade seus tios no Bairro de Sapopemba em Tietê, estado de São Paulo. Filho de Raimundo Pires e Anna Joaquina de Campos (Dona Nicota). Segundo confidenciou a amigos posteriormente, devia chamar-se Rogério, mas na hora o padre, velho e surdo, ouvindo muito mal entendeu Cornélio, e assim ficou. Morou também em Santos, Botucatu e Piracicaba, exercendo atividades de tipógrafo, repórter, professor de educação física.
Em 1910 lança seu primeiro livro "Musa Caipira" com enorme sucesso. Produziu um total de 24 livros onde se destacavam: "Quem Conta um Conto", "Cenas e Paisagens de Minha Terra", entre outros.

Em "Conversas ao Pé do Fogo", diz: -"Sua música se caracteriza por suas letras românticas, por um canto triste que comove e lembra a senzala e a tapera, mas sua dança é alegre".

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Foi o autor do primeiro disco caipira gravado em 1929.
Morreu em São Paulo, em 17 de fevereiro de 1958, aos 74 anos.
Os pioneiros da "musica caipira", na década de 1920, início da revolução musical caipira; foram:
* Cornélio Pires e seus caipiras, 
* Ferrinho, 
* Sebastião Ortiz de Camargo, 
* Caçula e Mariano (tio e pai, respectivamente, do sanfoneiro Caçulinha), 
* Arlindo Santana e Zico Dias. 
* Mandy e Sorocabinha


Jorginho do Sertão
Cornélio Pires
O Jorginho do Sertão
Rapazinho de talento
Numa carpa de café
Enjeitô treis casamento
Logo veio o seu patrão
Cheio de contentamento
(tenho treis filhas "sorteira que
Ofereço em casamento)
Logo veio a mais nova
Vestidinho cheio de fita
Jorginho case comigo
Que das treis
Sô a mais bonita
Logo veio a do meio
Vestidinho cor de prata
Jorginho case comigo
Ou então você me mata
Logo veio a mais véia
Por ser mais interesseira
Jorginho case comigo
Sou a mais trabaiadeira
Jorginho pegou o cavalo
Ensilhô na mesma hora
Foi dizê pra morenada
Adeus que eu já vou me embora
Na hora da despedida,
Ai, ai, ai
É que a morenada chora
Ai, ai, ai
O Jorginho arresorveu
É melhor que eu mesmo suma
Não posso casá cum as treis, ai
Eu num caso cum nenhuma




Moda do peão
Cornélio Pires


Quando eu era criancinha
Tinha mar inclinação
Eu arriscava a minha vida
Pra montá em qualquer pagão...
Oi, vida é a minha!
Eu domava burro brabo
E chegava no mourão
O macho cavava a terra
Levanta poera no chão...
Oi, vida é a minha!
Do que eu tinha mais vergonha
Das duas filhas do patrão
Ai, que tavam dando risada:
"Vamo ve o jeito do peão!..."
Oi, vida é a minha!
Ai, quando eu entrei pra dentro
Calculo o milho na mão
Ai, eu carcei o meu par de espora
Com bem dor de coração...
Oi, vida é a minha!
Ai, quando eu muntei no macho
No descer de um ladeirão
Ai, eu vi a morte p'los olhos
No meio de um chapadão...
Oi, vida é a minha!
O macho pulava alto
Que formava cerração
Eu encontrei com meu benzinho
Nem não pude dar a mão...
Oi, vida é a minha!





Bão demais, sô...
fontes: http://pt.wikipedia.org
www.recantocaipira.com.br
www.youtube.com
www.google.com.br
http://redesertaneja.com.br

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Quem sabe um dia



O outro Brasil que vem aí 

Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.


Gilberto Freyre

Gilberto de Mello Freyre












 
Poema escrito em 1926 e publicado no livro "Poesia Reunida", Editora Pirata - Recife, 1980