Provavelmente você nunca ouviu falar de Junior Torres de Castro, o PY2BJO.
Paulista de Botucatu, Junior foi a é a única pessoa física
no mundo a ter lançado um satélite próprio ao espaço .
Formado em engenharia elétrica pela USP - Universidade deSão Paulo e engenharia eletrônica pela Columbia University in the City of NewYork, além disso, fez cursos em Geologia, Geofísica (Suécia) e era PhD em
Física. Conseguiu estabilidade financeira com uma empresa do ramo de perfuração
de poços artesianos. Mas, apesar do vasto currículo e o sucesso financeiro, foi
como radioamador que ele realmente se sentia realizado.
O desejo te ter um satélite próprio começou em 1957, quando
a União Soviética lançou o Sputnik, dando o primeiro passo da Era Espacial. Com
apenas 24 anos de idade, conseguiu captar os sinais do equipamento e a vontade
de construir um equipamento para si tornou-se sua missão de vida.
Em 1976, Castro comandou a construção do Little Brick, ou
Tijolinho, o primeiro modelo de seu satélite. Embora seu projeto não pudesse
ser colocado em órbita, ele foi convidado a participar de um congresso na Universidade
de Utah em 1977 e conseguiu diversas cartas de recomendação de cientistas como
Jean King, Harold Price e Jim White; para que fabricantes de equipamentos
espaciais apoiassem sua iniciativa. Dessa forma, conseguiu peças doadas ou a preço
de custo, além do apoio de um laboratório norte-americano.
Nos anos 1980, ajudou a Agência Espacial Russa (na época
URSS) a recuperar um satélite perdido logo depois de seu lançamento devido a
problemas de comunicação. O problema foi resolvido através do grupo mobilizado
por Torres, usando equipamentos de radio amador.
Enquanto desenvolvia o satélite ajudava na comunicação das
missões dos ônibus espacial com o Centro de Controle da NASA. O radioamador
repassava as informações de telemetria do ônibus espacial para a NASA; e quando
o ônibus espacial Columbia não conseguiu se comunicar com o satélite TDRS,
Castro salvou os experimentos que estavam sendo realizados a bordo do ônibus
espacial ajudando na comunicação. O feito do radioamador brasileiro foi
noticiado em jornais, revistas e até no Fantástico. Ele foi convidado para ir até
os Estados Unidos, em Houston, para ser homenageado em outubro de 1987 pela
NASA e por 86 astronautas por ter salvado a missão da Columbia.
Em 22 de janeiro de 1990 o foguete Ariane 40 H10 foi lançado
a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, levando o Dove-OSCAeR
17 (Digital Orbiting Voice Encoder) ou DO 17, satélite projetado e desenvolvido
pelo radioamador brasileiro. Produzido com recursos próprios para fins
educacionais e humanitários, O DOVE inseriu Junior Torres Castro na galeria dos
nomeados para o Prêmio Nobel da Paz. (Assista o vídeo do lançamento)
Com o ônibus espacial Atlantis (STS-45), ele apareceu na TV
ajudando as crianças brasileiras a se comunicarem com o astronauta Brian Duffy
em 26 de março de1992, com a reportagem sendo exibida no Jornal Nacional. Junior
era uma Estação de Apoio da NASA e da Estação Espacial Mir.
Quando o astronauta brasileiro Marcos Pontes estava no
espaço em abril de 2006, Júnior Torres de Castro foi uma das pessoas que
conseguiram fazer contato com o primeiro brasileiro no espaço.
"DOVE" significa pomba em inglês.
Junior Torres de Castro faleceu em 17 de janeiro de 2018, aos 84 anos e está
sepultado no Cemitério Gethsêmani, na cidade de São Paulo.
Assista a uma reportagem do SBT feita com o Júnior Torres de
Castro em 1990, logo após o lançamento do satélite: Reportagem
Características do satélite
Dove-OSCAeR 17 (Digital Orbiting Voice Encoder) |
O Dove-OSCAR 17, foi um microsatélite da série AMSAT (também
conhecido como BRAMSAT no Brasil, atual AMSAT-BR). Possuía o formato de um
paralelepípedo de 21 × 23 × 23 centímetros, 16 pequenos painéis solares, 5
antenas de telemetria e um sintetizador de voz digital denominado "Digital
Orbiting Voice Encoder" (abreviado como DOVE), projetado para emitir
mensagens de telemetria para instituições educacionais. O satélite tinha uma
massa total de 12,92 kg. Foi posto em órbita como uma das cargas secundárias do
lançamento do satélite SPOT-2.
Entre as funcionalidades do DOVE, mensagens de crianças de
diversas partes do mundo que pediam a paz entre os povos; mas sua missão
primária foi prover um sinal de áudio em FM para recepção por instituições
educacionais. A telemetria, em frequência distinta, ocorria a 1.200 bauds no
formato AFSK AX.25, decodificado com receptores e TNCs muito populares entre os
radioamadores.
O satélite operou até março de 1998, quando devido a uma
falha em sua bateria, parou de transmitir dados de telemetria. Entretanto, o
mesmo possuí painéis solares ainda funcionais, e quando estes estão alinhados
ao sol, o satélite volta a transmitir dados de telemetria.
Fontes: